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segunda-feira, 14 de junho de 2010

Literatura Barroca

*Origem do Barroco
Barroco foi o nome dado ao estilo artístico que floresceu na Europa, América e em alguns pontos do Oriente entre o início do século XVII e meados do século XVIII.

*Principais características

A literatura barroca se caracteriza pelo uso da linguagem dramática expressa no exagero de figuras de linguagem, de hipérboles, metafóricos, anacolutos e antíteses.

*Barroco no Brasil

O barroco, no Brasil, foi introduzido no início do século XVII pelos missionários católicos, especialmente jesuítas, que trouxeram o novo estilo como instrumento de doutrinação cristã. O poema épico Prosopopeia (1601), de Bento Teixeira , é um dos seus marcos iniciais. Atingiu o seu apogeu na literatura com o poeta Gregório de Matos e com o orador sacro Padre Antônio Vieira, e nas artes plásticas seus maiores expoentes foram Aleijadinho, na escultura, e Mestre Ataíde, na pintura. No campo da arquitetura esta escola floresceu notavelmente no Nordeste, mas com grandes exemplos também no centro do país, em Minas Gerais, Goiás e Rio de Janeiro. Na música, ao contrário das outras artes, sobrevivem poucos mas belos documentos do barroco tardio. Com o desenvolvimento do neoclassicismo a partir das primeiras décadas do século XIX a tradição barroca, que teve uma trajetória de enorme vigor no Brasil e foi considerada o estilo nacional por excelência, caiu progressivamente em desuso, mas traços dela seriam encontrados em diversas modalidades de arte até os primeiros anos do século XX.

*Autores representativos

Dos escritores que manifestaram tendências barrocas em suas obras destacam-se Gregório de Matos e Padre Antônio Vieira.

Gregório de Matos Guerra

(Salvador-BA, 1633 – Recife-PE, 1696)

Faz doutorado em Direito, em Coimbra, e permanece mais de trinta anos em Portugal. Vem, então, para o Brasil, passando a viver na Bahia.
Gregório de Matos é o autor mais representativo da poesia desse período da nossa história literária. É poeta lírico, satírico e religioso. Em seus poemas manifesta aspirações religiosas, expressa o amor carnal e satiriza a sociedade baiana da época. Com isso, ganha a antipatia de inúmeras pessoas de seu tempo e é obrigado a partir em exílio para Angola.
Sua produção literária pode ser agrupada em três divisões temáticas:
a) poesia lírica: neste tipo de poema o poeta fala de suas fortes paixões e dos sofrimentos por amor.
Os sonetos de Gregório de Matos são bem elaborados. Por se um bom conhecedor da arte de fazer poesias, expressa seus sentimentos amorosos com grande habilidade e maestria.
b) poesia satírica: nela critica as autoridades da época, as mulheres de costumes indecorosos, os ricos senhores de engenho, os padres e os comerciantes pouco honestos.
Pelas suas sátiras, Gregório de Matos foi apelidado o Boca do Inferno, por sua habilidade em criticar personalidades e costumes de seu tempo.
c) poesia religiosa: o poeta, arrependido, pede perdão de seus pecados; sofre remorso por suas ações apaixonadas e insensatas; há sempre um conflito entre pecado e perdão.

Padre Antônio Vieira

(Lisboa-Portugal, 1608 – Salvador-BA, 1697)

Passou grande parte de sua vida no Brasil. Aos quinze anos entrou para Companhia de Jesus. Escreveu 15 volumes de sermões e inúmeras cartas (mais de 500). Em 1640, notabilizou-se pelo Sermão pelo Bom Sucesso das Armas de Portugal contra as de Holanda, em que o autor coloca Deus como árbitro na luta entre portugueses e holandeses. Nesse sermão, Vieira mostra sua preocupação com os problemas sociais da colônia.
Em 1652, Padre Vieira está em São Luís do Maranhão, onde se ocupa da catequese dos índios. Aí escreve o Sermão de Santo Antônio aos Peixes, no qual ridiculariza, por meio de alegorias e comparações, os vícios dos colonos. Perseguido pelo Tribunal Inquisitorial, por pregar tolerância religiosa e divulgar idéias do Quinto Império do Mundo, é encarcerado e impedido de pregar.
Como orador foi notável; como clássico, primoroso; e como missionário, incomparável. No Brasil, defendeu a liberdade dos nativos e em Portugal, a liberdade dos judeus.
Foi um autêntico mestre da língua: pela firmeza e propriedade do léxico, pela musicalidade que dá aos seu sermões.
A obra de Vieira divide-se em:
a) profecias: obra de cunho nacionalista, em que acredita nas futuras glórias de Portugal, baseando-se na Bíblia; nessa obra, Vieira afirma sua crença no Sebastianismo.
b) cartas: nelas Vieira defende os judeus convertidos ao cristianismo (cristãos-novos), vítimas de todo o tipo de perseguições através da Inquisição;
c) sermões (cerca de 200): sua obra máxima. Criticando o cultismo, Vieira utiliza-se de raciocínios claros e bem elaborados, abordando vários temas:
a necessidade de pregar a palavra de Deus para que ela dê bons frutos;
a escravização dos indígenas, devido à ambição dos senhores de engenho;
as invasões holandesas e o desejo de vitória dos portugueses.
Padre Vieira, grande clássico nos sermões e nas cartas, foi também gongórico (embora tenha criticado o Gongorismo), por abusar das antíteses, dos trocadilhos, das hipérboles.

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